Fazer o arranjo de uma canção
ou de uma música é, principalmente, prepará-la para ser apresentada ao público
ou para ser gravada em CD ou DVD, por exemplo.
Geralmente se diz que o arranjo é a reorganização de uma obra
musical, já gravada (ou apresentada), para ser reapresentada por um conjunto
diferente. Se arranjo tivesse apenas essa definição, nos créditos dos CDs dos
quais constem canções inéditas não haveria a figura do arranjador, pois aquelas
canções ainda não teriam sido manifestadas.
No caso da canção popular, nós dizemos que a letra e a melodia são
seu núcleo de identidade, isso porque é por meio desses elementos que podemos
afirmar que uma canção do Lulu Santos, mesmo que gravada por um grupo e samba –
em ritmo de samba – não deixará de ser do Lulu Santos nem de ter suas raízes
melódicas no estilo deste compositor.
De certa forma, quando uma pessoa está cantando no banheiro, já
está fazendo um gesto mínimo de arranjo, porque já está escolhendo a voz que
manifestará a canção; o tom em que ela deverá ser cantada; seu andamento e sua
dinâmica.
O leitor pode perguntar: “se não formos músicos, como saber
fazer um arranjo?”. Bem, todos os dias fazemos operações químicas e físicas sem
ser químicos ou físicos. Explico. Ao fazer uma laranjada, misturamos água, suco
de laranja, açúcar e gelo (química). Ao atravessarmos uma rua, não calculamos a
velocidade do automóvel em relação à distância que estamos dele para saber qual
a velocidade que deveremos imprimir aos nossos passos para que não sejamos
atropelados (física). Por que não podemos fazer um gesto mínimo de arranjo sem
ser músicos?
No
âmbito profissional, o arranjador escolhe os instrumentos que participarão do
arranjo de acordo com as características da música. O tom, de acordo com as
características do intérprete. Também faz escolhas no que diz respeito a
andamento, dinâmica, contrapontos, harmonia e muitas outras coisas. No entanto,
não devemos esquecer de que, o arranjador poderá intencionalmente fazer um
arranjo que vá de encontro às características da composição com o intuito de
dialogar com o compositor, contradizendo-o. Raramente isso acontece, mas,
acontece.
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