quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O que é melodia?




      Estamos diante de um termo utilizado frequentemente, mas, que, em geral, as pessoas não sabem exatamente o quer dizer.
      Os dicionários dizem que melodia é uma “sucessão rítmica, ascendente ou descendente, de sons simples, a intervalos diferentes, e que encerram um sentido musical”. Aproveitarei essa definição para explicar o termo.
A.   É “uma sucessão rítmica” porque tem de haver uma organização das durações das notas musicais tocadas uma após a outra.
B.   “Ascendente ou descendente” porque ela pode ir de sons mais graves (grossos) para sons mais agudos (finos) ou vice-versa; e pode também haver um desenho melódico que comece ascendente e termine descendente. Diz-se ascendente ou descendente porque, a rigor, as notas musicais são chamadas alturas. Cantar mais alto, em música, é cantar mais agudo e, não, com mais “volume”. Cantar (ou tocar) com mais volume é fazê-lo com mais intensidade. E, ao contrário, mais baixo é mais grave e, não, com menos intensidade.
C.   “De som simples” quer dizer com apenas uma nota de cada vez, pois, ao tocar mais de uma nota ao mesmo tempo, entramos no campo da harmonia.
D.   Intervalos, no que diz respeito à teoria musical, é a distância entre as notas musicais. Então, os dicionários dizem que a melodia deve conter “intervalos diferentes”. No entanto, não devemos esquecer que os primeiros compassos da mundialmente famosa “Samba de Uma Nota”, de Tom Jobim e Newton Mendonça, são constituídos por uma nota só e nem por isso deixa de ser uma melodia. Os compositores mantiveram a nota, mas trocaram os acordes que serviam de base harmônica para essa nota, criando um efeito como o de o desenho de um boneco do qual se muda o fundo (da praia para o campo, por exemplo), e aí temos a impressão de que o boneco também mudou de posição, de estado de ânimo etc. Coisa de gênio!
E.   A questão de “encerrar um sentido musical”, a meu ver, é a mais polêmica dessa definição, pois sabemos que música é a organização de sons e silêncios com a intenção de que os ouvintes a escutem como música. No limite, quem decide se uma certa organização de sons é música é o ouvinte; não é à toa que se diz em relação a determinadas audições: “isso é música para meus ouvidos”.

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