quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Cancioneiro, Cancionista e Cançonetista






      Os países que falam espanhol, há muito, já possuíam um termo para designar o profissional que trabalha com canção popular. Nesses países, aquele que compõe e canta canções é chamado “cantautor”. Na Itália, esse mesmo profissional é chamado “cantautore”.
      Curiosamente, até pouquíssimo tempo, nós, brasileiros, não tínhamos um termo específico para designar a profissão de Chico Buarque, Caetano Veloso, Geraldo Azevedo, Zezé di Camargo, Arlindo Cruz, Frejat etc., a não ser o termo “compositor popular”.
      O leitor pode estar pensando: “Não é verdade, existe o termo cancioneiro”. Na verdade, cancioneiro é coleção de canções. Pode ser o conjunto de canções de uma época, de um estilo e até de um compositor, em especial. Por isso, muitas vezes ouvimos: “agora, fulano irá cantar uma página do cancioneiro popular”.
      Embora o sufixo “eiro” sirva para designar um sujeito que faz alguma coisa a partir de uma habilidade específica - marceneiro, faxineiro, carpinteiro, pedreiro etc. -, ele também pode designar um conjunto: formigueiro, aguaceiro etc. -. Tal qual acontece com os termos romancista e romanceiro, nós, estudiosos da canção popular brasileira, sob o impulso dado por Luiz Tatit, optamos por reservar o termo “cancioneiro” para marcar o conjunto de canções.
      Portanto, cancionista é o profissional que lida com canções. Pode ser compositor cancionista, instrumentista cancionista, intérprete cancionista e até arranjador cancionista. Mas, a figura que mais o representa é a do cantor e compositor de canções populares (os cantautores), que, de maneira muito habilidosa, e quase sempre sem conhecimentos musicais, une uma letra e uma melodia, muitas vezes de maneira indissolúvel.
      Ainda existe o termo cançonetista, que é o profissional que se utiliza de canções para apresentar pequenos monólogos. Um dos nossos maiores expoentes nesse estilo foi o querido e divertido Ivon Cury; e um dos fundadores do estilo cançonetista foi Pedro Manuel dos Santos, o Bahiano, que fez a primeira gravação em disco, no Brasil; o lundu, “Isto é Bom”, de Xisto Bahia.





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