quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Vinil x CD


  Engana-se o leitor que pensa que o presente texto se propõe a pôr “mais lenha nesse inferno” – como diria Itamar Assumpção – ou apresentar argumentos em favor do vinil ou do CD.

            Eu sempre preferi o CD; acho que o ideal seria um CD com uma capa do tamanho da capa do Long Play (também chamado de vinil), mas este não é o tema desse artigo.

            Acontece que, pesquisando sobre o assunto, deparei com uma entrevista do Mayrton Bahia, um dos maiores produtores musicais do Brasil, na qual ele colocava a questão por um viés, do meu ponto de vista, muito interessante.

            Primeiro, estão endeusando o vinil, tratando-o como uma entidade. No entanto, Mayrton se diverte com a seguinte máxima: “se o som do vinil fosse melhor do que o do CD, cinema seria feito com vinil”. Claro que o produtor foi extremamente irônico, pois essa possibilidade não existe.

            Outra coisa, ele deixa claro que os LPs – dos Beatles, por exemplo – fabricados em Londres, nos EUA e no Brasil são muito diferentes, por uma razão muito simples: as fábricas e seus profissionais também são diferentes. O que acontecia é que os profissionais que preparavam as “masters” – matriz a partir da qual se fabrica os LPs -, ou seja, os masterizadores, naquela época, eram muito bons. Então, ao perceber que faltava “pegada” ao som da fita original, eles atuavam “artisticamente” - equalizando, comprimindo etc. - obtendo, muitas vezes, melhores resultados do que os das fitas que saíam dos estúdios.

            Imaginem que, no Brasil, sabe-se que todo LP que saía com defeito de fábrica ou encalhava voltava ao processo químico para fazer novos vinis, isto é, além de reutilizar matéria prima, a máster produzida fabricava centenas de milhares de LPs. Pra encurtar o caminho, esse processo é análogo ao do carimbo, isto é, logicamente as últimas cópias não eram tão boas quanto às iniciais.

            Quando surgiu o CD (Compact Disc), alguns desavisados, acreditando em milagres, passaram a fita de mixagem final do estúdio diretamente para o CD, sem nenhum tipo de masterização. É claro que ficou faltando muita coisa! Hoje já não é mais assim, os CDs são masterizados e, depois, prensados.

            Desse modo, fica claro que a entidade vinil não existe! Se um LP não for bem masterizado por um profissional competente e experiente e fabricado com ótimos masters e stampers (estampadores, literalmente), seu som jamais será superior ao mesmo trabalho prensado em CD. É isso.

Confira a entrevista citada no link abaixo:

http://canalbrasil.globo.com/programas/o-outro-lado-do-disco/materias/mayrton-bahia-da-sua-opiniao-no-eterno-embate-qual-e-melhor-vinil-ou-cd-ou-digital.html


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