Carlos Alberto Ferreira Braga. Este é o
nome com o qual foi batizado o nosso admirável cancionista
"Braguinha". Se ainda fosse vivo, Braguinha completaria, este anos, 117 anos de
idade. Dos 98 anos vividos, Braguinha dedicou 79 à canção popular brasileira.
O apelido "João de Barro" -
nome de um, também famoso, passarinho - Braguinha inventou para si quando
fundou, junto com Almirante e Noel Rosa, o conjunto "Bando de
Tangarás". Tangará também é o nome de uma ave. Pois bem, Braguinha propôs
ao grupo que todos escolhessem o nome de um pássaro para usar como apelido. A
ideia não foi aceita e somente Braguinha carregou para o resto da vida o
apelido "João de Barro"; nada mal para quem declarou que fazia,
assobiando, a melodia de suas canções.
Braguinha compôs muitas canções de
sucesso: Sambas, sambas-canções, marchas, boleros, mas seu forte era a marchinha de carnaval. Compôs "As
Pastorinhas", "Yes, nós temos bananas", "Eu fui às touradas
em Madri", "Tem gato na Tuba", e muitas, muitas outras, sozinho
ou com memoráveis parceiros como Alberto Ribeiro e Noel Rosa.
Muitas
histórias são ligadas ao nome de Braguinha, mas eu vou contar pra vocês uma
muito especial.
Na triste copa do mundo de 1950, o
Brasil estava jogando contra a Espanha - que, naquele ano, tinha montado um
time de amedrontar qualquer seleção -
quando, surpreendentemente, o Brasil fez 1, 2, 3 gols. A torcida já
delirava, quando o Brasil marcou o quarto gol e as 200 mil pessoas...Vou
repetir: as 200 mil pessoas que assistiam ao jogo no Maracanã, começaram a
cantar: "Eu fui às touradas em Madri/ Parará-tchim-bum-bum-bum /
Parará-tchim-bum-bum-bum/ E quase não volto mais aqui/ Pra ver Peri beijar
Ceci". Somente um rapaz branquinho, nas cadeiras, continuava parado,
quietinho... Algumas pessoas começaram a falar: "Ensina esse espanhol aí a
cantar!", "Olha só como ele está quieto, só pode ser espanhol!".
Aquele espanhol, na verdade, era um dos maiores brasileiros de todos os tempos,
que, naquele momento, não conseguia cantar a sua própria composição, por ter a
voz embargada pela emoção.
Braguinha, que se ofendia, juntamente
com o pessoal do conjunto "Flor do Tempo" e do "Bando de
Tangarás", quando lhes ofertavam dinheiro para tocar - pois faziam música
por amor e, não, por dinheiro -, acabara de receber o maior pagamento de sua
carreira: Assistira ao Maracanã lotado cantar uma canção de sua autoria.
Nas décadas seguintes, com a decadência
dos grandes musicais para teatro, Braguinha passa a fazer textos e dublagens
para os desenhos animados de Walt Disney. Além de dublar, dirigiu as gravações
de "Branca de Neve", "Pinóquio", "Bambi" e
"Gata Borralheira". Como prova de reconhecimento da qualidade de seu
trabalho no Brasil, o próprio Walt Disney lhe enviou um relógio de ouro, com
dedicatória.
Desde então, Braguinha passou a se
dedicar, também, a produções voltadas para crianças. Suas adaptações de
histórias, enriquecidas por canções compostas por ele, foram responsáveis pelo
sucesso do selo "Disquinho". A "Coleção Disquinho" era o
produto da Gravadora Continental que mais vendia. Braguinha adaptou "O
Macaco e a velha", "A história da Dona Baratinha", "A
História do Chapeuzinho vermelho", "Festa no Céu", dentre outras
histórias famosas. Os disquinhos (compactos simples) foram responsáveis por
embalar o sonho e a imaginação criativa de muitas crianças, até que todas elas
pudessem, como acontece hoje em dia, assistir aos desenhos animados, em vez de
imaginar como seriam os personagens, o cenário, o figurino etc. Coisas do
progresso.
Há exatos 20 anos, Márcio Coelho e Ana
Favaretto apresentaram suas versões ao vivo da Coleção Disquinho, no SESC - Ribeirão
Preto. As apresentações aconteceram no auditório e contaram sempre com a
participação de um convidado da dupla. Com esses espetáculos, colaboramos com o
compromisso do SESC de oferecer entretenimento de qualidade, respeitando a
capacidade intelectual da crianças. Foi um sucesso!
Viva o
Braguinha!
Viva o
SESC!